Nas útlimas semanas eu tenho visto dezenas artigos e posts na internet afirmando que a Apple irá montar uma fábrica em Jundiai ou Lençois Paulista para fabricar os seus produtos no Brasil. Um dos detalhes mais importantes que todas essas fontes se esqueceram é que a Apple simplesmente não fabrica e nem monta nenhum dos seus produtos (em qualquer lugar do mundo). Ou seja, a Apple cria e desenvolve os seus produtos, porém quem fabrica os componentes são os seus diversos parceiros (e fabricantes) como a Toshiba, LG, Intel, Samsung entre outros, e quem faz a montagem desses produtos são empresas especializadas em “assembling” (montagem) como a Foxconn, Quanta e Pegatron. Um exemplo típico, para quem não sabe, são os processadores A4 e A5 utilizados no iPhone, iPod Touch e iPad, que são fabricados pela Samsung, e não pela Apple ao contrário do que muitos pensam.
Outra notícia que surgiu na internet ontem (dia 11/04) é que a Apple teria alterado a sua razão social para “Apple Computer Sistemas de Computação, Indústria, Comércio, Representação, Exportação e Importação LTDA”, incluindo os termos indústria, importação e exportação. Entretanto esse registro não é da Apple e sim de outra pessoa que registrou esse nome em 1983, provavelmente com o intuito de ganhar algo em cima do nome. Ou seja, a razão e o objeto social da Apple continuam inalterados desde a sua constituição em 1995.
Então, se a Apple não fabrica e nem monta nenhum dos seus produtos, qual a vantagem pra Apple em fabricar ou montar os seus produtos no Brasil e qual a vantagem para nós, consumidores?
O Brasil é um dos países que possui os maiores impostos de importação no mundo, e isso se traduz nos preços de qualquer produto importado, onde os mesmos chegam a custar o dobro do preço no país de origem. Para produzir (leia-se montar) os seus produtos no Brasil, o governo geralmente oferece incentivos fiscais (redução de impostos de importação para os componentes, redução de alíquotas de ICMS e IPI, entre outros) para a empresa interessada, pois isso gera empregos e aumenta a produção nacional, sem contar na possibilidade em exportar para os outros países da América Latina, principalmente do Mercosul. No final, tudo isso contribui para o nosso crescimento econômico, ou seja, ambas as partes saem ganhando.
Para nós consumidores, isso se traduz em preços mais baixos, pois com as isenções fiscais, os preços finais serão menores (não sabemos o quanto, mas não deve ultrapassar 20%, lembrando que a nossa mão-de-obra é cerca de 4 vezes mais cara que na China). A outra vantagem é que com os produtos sendo montados no Brasil, a quantidade de peças de reposição no país será maior, melhorando a qualidade e o custo da assistência técnica para os produtos da Apple no Brasil.
De qualquer forma, isso é uma excelente notícia para nós brasileiros, e quem sabe em breve perderemos o “título” de ter o iPhone e o iPad mais caros do mundo.